Teologia Moral

 

Pequeno texto sobre 1 desconhecido prolegômenos aos pecados da ciência
                                                                                                                           Ricardo S. Kubrusly

Desta janela murilomendiana interrogo um cosmos sem pecado e minto por não me
saber além de uma mentira e faço a revolução ainda e posso enfim perder o medo das
crianças que a mim atacam com seus olhos verdadeiros no sinal armado do meu tráfego
sem vícios, ou não.
São Gregório Magno aponta a soberba ou orgulho como a mãe de todos os pecados e
afirma, como encontramos no texto de Nilo Agostini": “Quando a soberba venceu um
coração que se rendeu, imediatamente o entrega, para devastá- lo, a estes sete vícios
principais, que são como chefes dos quais nascem multidões de outros vícios”
Os sete pecados capitais, podem ser descritos comox :
1. Desejo exagerado de bens materiais e conforto (avareza)
2. Desejo exagerado da boa comida, do álcool e das várias drogas (gula)
3. Exercício descontrolado da sexualidade (luxúria)
4. Instinto de agressividade através da pretensão de todo-poder (orgulho)
5. Desejo de possuir o que o próximo possui (inveja)
6. Violência desordenada contra o próximo (ira)
7. Desinteresse generalizado (preguiça)... no original, a preguiça era maior
A ciência moderna, que surge com as mulheres incendiadas, planeja e executa o seu
plano higienizador do pensamento. O pensamento é, ou passa a ser, o que a razão carimba
com seu brasão forjado a fogo e lógica: fogo do silêncio, no feminino calado em chamas
e a lógica clássica com seus três fálus falantes: os princípios da identidade, do terceiro
excluído e o da não contradição. O resto ou não é pensamento, ou o é, mas de segunda,
pouco sério. Só o pensamento carimbado pela razão, pode ser científico e pode levar ao
conhecimento.
O homicídio do pensamento feminino e das lógicas que o compunham não pode ser
imputado à ciência, mas à sua criação, assim como numa guerra, as mortes são
desaparecidas pelas ideologias que as geraram. Os pecados da ciência começam pelas
suas virtudes. É comum, num casamento que já dura alguma história, que as reclamações
entre cônjuges se dêem sobre os mesmos temas que geraram, no início da relação, a
aproximação dos iludidos apaixonados. São as virtudes da ciência que, reiteradas
impertinentemente, fazem surgir o seu orgulho, e daí, os todos 7 que dela, rapidamente,
se apossam. A ciência, agora pecadora, ignora a culpa que a poderia proteger do futuro
incerto e parte, rumo a América para sua missão civilizadora. Na sua bagagem iluminada
despontam tempo espaço e matéria, pregados na mesma cruz da redenção do
pensamento. Do átomo ao cosmos, com seu caos premonitório, passo a passo: se A então
B, se Homem então Deus. Gula Luxúria Avareza Soberba e Espaço Tempo Matéria no
" Avareza...
x Gaudette, via Avareza
lugar do Espírito Santo do Pai do Filho, que já não davam mais conta da compreensão
dos mecanismos que nos giravam idéias e planetas, mas sempre, é claro, em sua
homenagem.
Os Deuses, assustados recuam em busca dos ares transcendentais que os conceberam no
infinito das mentes dos primeiros pensamentos. Lá estávamos nós diante da Mulher
Pássaro, sentada no seu sofá azul projetando big-bangs sem destinos. Lá estavam a cruz
e o chá de alfavaca de caboclo. Lá estavam os números e milhões de estrelas nos meus
olhos ... e eu sabia que não daria tempo, que os ponteiros dos segundos já cavavam nos
desertos meus destinos de almas e ossos. Mas, como um barco enjaulado num oásis sonha
com a revolução dos oceanos, sonhei voar por sobre os números dos ciclos e voei nos
sonhos de Deuses jovens e fui eterno com eles, com minhas mãos marcadas nas cavernas
e meus pés, ora na terra ora no ar.
Imóvel, é claro, percebi que não havia movimento : era preciso uma farsa que me
convencesse da inutilidade da preguiça que a velha rede me emprestava, e que a nova,
não me empresta agora e que me fizesse partir. Fui, montado no progresso inexorável,
apesar do medo que ainda criança, sentia da própria palavra i n e x o r á v e l.
De volta à ciência, vivíamos os seus acontecimentos e o seu projeto lógico de explicações
consistentes para todo e qualquer acontecimento. Começando pelos mais fáceis de
observar, iríamos, predestinada mente, do existente ao inexistente, da matéria ao éter, ao
vácuo e ao nada, aliando-se primeiro aos Deuses e depois somente à solidão impenetrável
das certezas, fabricando pensamentos e explicações, construir um mundo novo e justo,
onde a verdade resplandecesse; e construímos. Tendo a estátua de um infinito como
limite e os desafios do tempo como companheiros, pacientemente substituímos
transcendência por eternidade e nos voltamos para a máquina da vida e para a vida das
máquinas. O transitório como definitivo, impresso no A4 e carimbado pela razão: Lógica.
Do transitório iremos para o domínio do Nada, onde a eternidade se instaura e Santa
Tereza se cala.
Mas o poeta, com seus óculos de bicicleta e seu corpo de pedra e ar$ lembrava- nos que
embora aberta, a porta da Verdade só se abria metade de cada vez e que teríamos que
confiar no erro da nossa miopia para decifrar seus imensos véus e separar o falso certo do
errado verdadeiro. Era a inveja agora que, abandonada pelos abandonados Deuses, ela
sentia. Era a inveja que a dominava por inteiro. A ciência ainda distante do nada,
ignorante do nada, invejava a facilidade do nada nos versos eternos dos mortais poetas
que , como bípedes implumes de angústia e morte, rumavam ao nada que nos espera com
a certeza paciente das transcendências.
E veio a Ira, com sua Preguiça truculenta assassinar o feminino ressuscitado pelos poetas,
com seu saber telescópico e seu poder único de entender o nada. É hoje o agora, onde o
tudo é sempre, com ele ou sem Eliot, o que fazer então? Chamar Bombeiros Filosóficos?y
$ A Verdade, no Corpo de CDA
y Mary Migdley e seus mitos




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Em 2004, numa conversa sobre interdisciplinaridade entre as
áreas de conhecimento como Filosofia, Teologia, Comunicação,
Ciências Sociais, tivemos a idéia de reunir numa só obra alguns
pesquisadores para que se discutissem a questão da moral (conceito
e prática) na pós-modernidade. Seria um confronto de idéias entre a
moral cristã e a moral midiática.
Nossa preocupação, enquanto professores, pesquisadores,
educadores e também enquanto pároco, no caso do José Trasferettti,
é buscar, através da Universidade, da pesquisa e reflexão, respostas
para muitos dos problemas que o mundo vem passando. Nem
sempre a Universidade consegue todas essas respostas. Nem sempre
também, enquanto pessoas, cidadãos, conseguimos entender ou
vislumbrar um futuro diferente, otimista, conciliador. E mais, nem todos, em nosso país, tem
acesso à educação, à informação (sem ser da Televisão apenas), à produção acadêmica, aos
meios culturais, etc. A velocidade com os fenômenos sociais, comportamentais vêm
acontecendo em nossa sociedade é mais rápido do que nosso processo de pensar, refletir,
estudar, pesquisar, amadurecer, e somente aí afirmar junto a Comunidade Científica e
também a sociedade, o porquê do acontecido, do fato, da transformação de valores, posturas,
atitudes e ações.
Foi nessa perspectiva de contribuir para os alunos de graduação, que a obra Teologia,
Ética e Mídia – através do ato da leitura e da reflexão – como também para a sociedade em
geral, nasceu. Reunimos importantes pesquisadores na área da Comunicação (Mídia) e
Teologia, com a intenção de escrever sobre a prática teológica, comportamentos midiáticos, a
ética, o marketing religioso e práticas de informação.
Não foi fácil reunir todos os artigos, organizá-los, corrigi-los, sistematizá-los, assim
como está no livro. Por isso, a idéia que era de 2004 foi realizada somente agora, em 2007.
Porém, com uma urgência a mais: que mundo é este que vivemos? Que pessoas são essas a
nossa volta – idosos, crianças, homens, mulheres, jovens, são esses? Que solidão é essa na
multidão? Que relações afetivas, entre amizades, casais, famílias estamos vivendo, estamos
sentido? As inversões de valores? A banalização da morte, violência, sexualidade. A lógica
consumista, tecnológica, mercantilista. A nossa relação com a natureza, com o planeta. Que
doenças nos assolam? Doenças muito mais da alma do que do corpo. Em que momento da
história perdemos o nosso agir moral, ético, solidário, sincero, honesto, belo e simples?
Somos como a dedicatória do livro: “aos nossos telespectadores: vilões e vítimas de
uma história inacabada”. Quem é o vilão? Quem é a vítima? Em que momento somos vilões e
vítimas ao mesmo tempo? Em que momento passamos de vítima ao vilão, ou vice-versa? Não
sabemos. Sabemos apenas que o caminho do mocinho é árduo, difícil, distante, complexo, mas
ele existe! O caminho da ética, bom senso, responsabilidade social e pessoal, está aí. O
caminho da honestidade, sinceridade, lealdade também existe. Eles não são utopias. Eles são
valores cristalizados, fortes, eternos. A questão é: quem os praticam? Muitos o fazem. Fazem
numa lógica e energia que permite ao planeta está de pé, apesar de agonizando, ainda resiste.
Não sabemos até quando, mas ele ainda resiste.
Por isso, que o livro Teologia, Ética e Mídia apresenta o artigo do Frei Carlos Josaphat
sobre valores e desafios éticos na Internet; dos professores Pedro Gilberto Gomes e José
Marques de Melo, sobre o “Jesus da comunicação e a comunicação de Jesus” e “Comunicação e
evangelização na sociedade global”. Apresenta também, no campo de comportamentos, de
Pedrinho Guareschi “Mídia e cidadania”; “Gênero, mídia e religião” de Nara Novais;
“Consciência moral, sexualidade e mídia” de José Trasferetti”; “Mídia, sensibilização e
afetividade” de Carlos Alberto Zanotti.
Depois dos diagnósticos vem a ética que faz a diferença. Nos dois artigos do
pesquisador português, Jorge Pedro Sousa, “A ética do fotojornalismo” e “Ética jornalística
como sinônimo de jornalismo de qualidade”, nos indicam o quanto o caminho da ética é o mais
fácil e prudente. E confrontamos o fazer Televisão com qualidade, no artigo de Antonio
Teixeira de Barros e Pricila de Oliveira “A TV e formação de valores sociais nos programas
infantis: o caso do Castelo Rá-Tim-Bum”.
Na efervescência de entender o mundo-hoje, como se comporta a religião, as igrejas
perante a sociedade tecnológica? Que fazer igreja temos hoje? Que recursos utilizam-se? Eis
que surge o marketing. Por isso, a reflexão da “Publicidade e seu espaço na programação da
igreja” de Gino Giacomini Filho e Lideli Crepaldi. Para completar essa lógica, o artigo de Eula
Dantas Taveira Cabral e Adilson Vaz Cabral Filho, “Do sermão do monte à pregação na TV – A
presença das Igrejas Católicas e Universal na mídia brasileira”.
Por fim, na dinâmica que o mundo não pára, portanto, a mídia não pára, a indústria não
pára, abordamos as perspectivas de ações e estratégias no campo da cultura, leitura e
tecnologia de informação. Apresentamos os artigos dos professores e pesquisadores, Catarina
Farias de Oliveira, “O mercado de bens simbólicos e o significado da diversidade cultural”;
Adriano Lopes Gomes “Da tradição oral para a sala de redação: o jornalista na condição de
contadores de história” e de Maria Érica de Oliveira Lima, “O sertão vira mar no ‘contra-fluxo’
regional”.
Nas 403 páginas de Teologia, Ética e Mídia, estão não apenas o nosso fazer
profissional, social e cidadã. Estão também nossas marcas, angustias, e também desejos de
um mundo melhor e vitorioso. Viver em sociedade, em comunidade, não é fácil e a história
humana universal nos diz muito sobre isso. Viver entre os pares, os semelhantes, os
diferentes, também não é nada fácil. Viver entre instituições, burocracias, normas, teorias, etc,
mais difícil ainda. Porém, se não vivermos com isso, e não utilizarmos ao nosso favor do bemcomum,
acrescentado várias outras coisas, estaremos perdidos! E de nada adiantará o livro
Teologia, Ética e Mídia. De nada servirá nossa reflexão e discurso. Nossas teorias precisam
ser aplicadas, fielmente, na prática, a partir de nós, a partir de vocês!
Natal, 18 de março de 2007.
Profa. Maria Érica de Oliveira Lima
Humanista e ecológica.
mariaerica@cchla.ufrn.br

Os artigos que apresentamos demonstraram a riqueza de idéias, afirmações,
constatações e processos inacabados. A investigação dos acontecimentos é dinâmica,
constante, mutável. Procuramos destacar pesquisadores de vários lugares e instituições do
país, inclusive, também do exterior. Faz-se presente à interação e comunicação entre os
pares. Nosso objetivo com este livro é chegar ao aluno de graduação, ao pesquisador que
queira tê-lo como inspiração a buscar novas respostas à sociedade. É rever daqui a alguns
anos nossa escrita e processo de amadurecimento no campo social, teológico, comunicacional.
É quem sabe, rever, refazer e/ou reafirmar nossa incessante capacidade dinâmica de achar
que estamos acompanhando as transformações do mundo, mas estas são mais rápidas do que
nossos pensamentos.